As Varas de Transe

A Fonte de Hécate

Por Kenneth Grant, Hecate’s Fountain, Parte II, Capítulo Dois. Tradução de Ícaro Aron Soares, @icaroaronsoares, @conhecimentosproibidos e @magiasinistra.
 
A inferioridade dos habitantes da terra está novamente implícita no AL, verso 21; tanto eles quanto seus deuses estão alheios à Nuit. Ela diz: “eles não me veem. Eles estão assim sobre a terra” enquanto “Eu sou o Céu, e não há outro Deus além de mim e meu senhor Hadit”.
 
Nuit afirma ter um “nome secreto” que ela revelará apenas quando for conhecida por último. Esta é, talvez, outra alusão ao secreto-íon (secreção) ou kala que é essencialmente de Maat e dos aeons além de Hórus. Ela revela sua identidade com Ísis, como mostrado anteriormente 1 após o que segue um dos enigmas mais desconcertantes do AL. Ela declara seu número como “seis e cinquenta”, 56, que deve ser dividido, somado, multiplicado e entendido. A divisão do número produz 28, o número do ciclo lunar; somar 5 e 6 produz 11, o número da magia, da Grande Obra e das Qliphoth. Multiplicando os números inteiros resulta em 30, o número de dias do mês solar, e de Lamed, a letra de Maat, que era o título original do Livro da Lei. Em suma, esses números produzem 69 que, literalizados, tornam-se S e T (Set), a fórmula da magia sexual oculta sob o simbolismo da Estela que comporta o conhecido asana, soixante-neuf (sessenta e nove, ou meia-nove). Mas 69 também tem outros implícitos mais esotéricos. É o número da ‘criança’, indicando assim em uma palavra a natureza da transmissão de Nuit para a terra e dela carregando o Sempre Vindouro. É também o número de dinh, 2 que de acordo com Mead 3 significa o “vórtice do sistema solar”, e de akun, ‘um ponto’ (ou seja, Hadit), ambos os conceitos sendo descrições adequadas da relação de Nuit com o filho-sol (Hórus) e com Set (Hadit). Também é significativo que 69 seja 23 + 46, pois 23 é o número do caminho secreto de Maat e 46 é o número de Mu, uma forma de Maat associada aos ritos necromânticos de Lêng. Além disso, o 23º Caminho é o do ‘Enforcado’ do Tarô. Este é um símbolo de viparîta e do lugar da cruz, ou do cruzamento do homem para o que está além do homem. É o Caminho da Água ou, num sentido mágico, do sangue. 4 Talvez 25, o número do verso que apresenta essas ideias, seja uma chave vital. É o número do Pentagrama que, em viparîta, ou formulação adversa, evoca forças externas à Árvore. O Ritual do Rubi Estrela, ou Estrela do Sangue, 5 é o método secreto de abrir os túneis e abrir os portais que podem admitir essas forças. 25 é também o número de ChIVA, ‘A Besta’, que aponta mais uma vez para a fórmula de Therion conjugada com a Mulher. A exortação à compreensão pode indicar que essas operações podem ser totalmente realizadas apenas na zona de poder de Saturno (Set), que fica adjacente à Zona Malva.
 
Segue-se então uma bela dhyana ou visualização do modo de congresso empregado para facilitar este trabalho mágico. O sacerdote é banhado pela luz das estrelas de Nuit 6, que se manifesta como um “perfume de suor doce”. Isso praticamente reproduz ‘as descrições aplicadas pelos tântricos às Suvasinis ou ‘senhoras cheirosas’ do Círculo Kaula. 7
 
Após o sacerdote ter declarado Nuit como sendo o “contínuo do Céu” 8 ele então conjura os homens (ou seja, os terrestres) a falarem não de Nuit como Uma, mas como Nenhuma. Nuit não deve ser limitada nem mesmo a Yuggoth – a primeira Zona de Poder Cósmico; antes, ela deve ser equiparada a Ain, o vazio metafísico interpretado pelo homem como espaço físico. O espaço trans-yuggothiano, o Espaço do Ain, está além da expressão na fala. Blavatsky, que estava profundamente ciente disso, procurou sugerir isso pela expressão “a Voz do Silêncio”, que ela deu como título à obra republicada por Crowley no Blue Equinox, juntamente com seu próprio comentário. Como frontispício ele escolheu o retrato de LAM, um Grande Antigo cujo arquétipo foi reconhecido em numerosos relatos de ocupantes de ÓVNIS publicados nos últimos anos, muito depois da morte de Crowley em 1947.
 
Os kalas são ambos, nenhum e dois, pois as duas zonas de poder, Chokmah-Binah, produzem Daath, a ‘criança’ que incorpora o conhecimento de sua união. Em outras palavras, a fórmula O = 2 significa que o Ain, como Espaço, transmite seus kalas através desses terminais gêmeos. Estes são então resolvidos – na zona malva – de volta ao abismo.
 
Set, ou Shugal-Choronzon, é assim o portal através do qual a nova Corrente (Nu) está presentemente se manifestando. A fórmula, no que se refere aos expoentes terrestres desta magia, é reiterada por Nuit – através da sacerdotisa – quando ela declara que a redenção da dor pode ser alcançada pela “abóbada” de seu corpo e por seu “sagrado coração e língua”. “Abóbada” não é uma palavra incomum nesse contexto; sugere os mortos e o lugar dos mortos. O “coração” e a “língua” são tipos bem conhecidos da vulva e do pênis, mas a língua neste caso é um termo particularmente carregado. Conota não apenas o falo como o proferidor da Palavra ou Logos, a luz Lingual ou Lingam, mas a língua que é o Pé, que significa ‘boca’, e que simboliza Ipsos, a Palavra de Maat. 9 O Pé é o instrumento mágico através do qual se consuma o banquete mortuário. Isso se refere ao canibalismo esotérico praticado pelos lamas de Lêng. Lêng é o linga, ou Palavra fálica, manifestada na Zona Malva pela fusão de Hadit e Nuit nas zonas de poder gêmeas, Chokmah e Binah.
  
As ordálias ligadas a essas fórmulas permanecem inespecíficas porque variam de acordo com cada indivíduo. Os rituais, por outro lado, “serão meio conhecidos e meio ocultos. Isso, novamente, é necessário pelo fato de que o elemento semi-conhecido é terrestre e diz respeito ao equipamento meramente humano – robes, regalias, salão da loja, etc., em magia sexual. O elemento semi-oculto refere-se à Zona Malva e ao outro lado da Árvore sefirótica. Mas, a “Lei é para todos”. Isso não significa que o Livro da Lei é para todos. 10 Se, como sugerido anteriormente, o tríplice livro da Lei for interpretado como o “tríplice livro de Maat”, isso novamente é uma afirmação de fato, pois o íon de Maat é a semente que Nuit está transmitindo. O número deste verso, 35, é o número da cor branca, que é atribuída a Yuggoth. A semente é o germe branco que Hadit transmite, via Nuit, à terra. 35 = 7 x 5; 7 é um número de Set e de divindade, 11 e 5, como explicado acima, é o número de poder – ou shakti (neste caso, Nuit). Os dois estão assim unidos na transmissão deste tríplice livro da Lei. Maat é a Lei Suprema, pois como está escrito, “não há religião superior à Verdade” (Maat).
 
Segue-se uma injunção ao escriba. 12 Ele “não mudará em uma só letra este livro”. Crowley, como escriba, ignorou essa injunção. O Livro da Lei foi originalmente intitulado L vel Legis. 13 No entanto, Crowley foi persuadido por Frater Achad, a adicionar a letra inicial A, mudando assim o título do livro para AL vel Legis. 14 Essa mudança tem implicações implícitas de longo alcance. L é a letra de Maat e da Corrente de Ipsos; “A” é a ‘letra do Louco no Tarô, e enfatiza a Corrente 93. Uma é ‘feminina’, a outra ‘masculina’. Mas como que para enfatizar o aspecto feminino, o nome Rá-Hoor-Khu-it é quebrado, de modo que ‘it’ – o sufixo feminino – é destacado. Este dispositivo tem o efeito de colocar em relevo a palavra Khu, a forma feminina do Grande Poder Mágico, o Ur-Hekhu, que é a forma primordial de Hécate (Hekt ou Hekhu-it). Essas ideias são ainda sublinhadas por um verso posterior que alude à Corrente Ofidiana em sua forma Vodu: Os “mantras e feitiços; o obeah e o wanga; o trabalho da baqueta e o trabalho da espada” – com referência especial à espada 15 como símbolo de Maat 16 e do aeon silente e sem palavras – foram tratados completamente em Fora dos Círculos do Tempo. 16a Deve-se notar, no entanto, que z = 7 + ain (61) = 68, que é o número de Binah (Saturno) e de NBIAH, ‘uma profetisa’, também de SDD, ‘calar a boca’, ‘ser silente, e de ChLL, ‘vazio’, ‘espaço’, noções que indicam Nuit como sendo a essência de Maat e Binah. Mas acima de tudo, 68 é um número de Azyn, um Portal dos Grandes Antigos, o outro número, 718, leva de volta à estela, ou pedra-estrela, Ixaxaar. Daí a ‘abominação da desolação’ como um epíteto do ‘indizível’ Aeon sem uma Palavra.
 
Segue-se um anal da Loja Nova Ísis, orientado para o vodu, como um intervalo, porque a análise concentrada de AL, ou L, não pretende forçar o leitor, mas esclarecê-lo!
 
O cenário para o Rito lembrava, vagamente, a camada do complexo iorubá exibido por vários anos no Departamento Etnográfico do Museu Britânico. O salão da loja havia sido equipado com itens relevantes, dois dos quais 17 foram fornecidos por Austin Osman Spare. Ele ficara satisfeito em se separar deles porque invariavelmente induziam nele uma sonolência aguda que às vezes terminava em um sono profundo de transe. Nesse estado, ele havia, mais de uma vez, executado desenhos extravagantes que, por algum tempo depois, o afetaram – e a outros – de maneira bastante desagradável. Mas isso é outra história!
 
O rito foi presidido por dois africanos – Moussine, que usava a vara ‘masculina’, e Bula, que usava a vara ‘feminino’. A força que se arqueava entre elas era espiralar diante das imagens sagradas no altar ‘emolduradas’ no laço astral assim formado.
  
Esses dois ritualistas, ambos experientes com as varas, preludiam seu ato com alguns traçados altamente complexos. Em alguns casos, os vevers 18 astrais realmente brilhavam em seus matizes apropriados, e apenas duas vezes os acólitos traçaram no chão as contrapartes físicas das figuras correspondentes em pós de cor errada. Quando isso aconteceu, Moussine baniu seus traçados e começou de novo.
 
A Suma Sacerdotisa oficiante era uma mamaloi (pronuncia-se: mamaluá) realizada. 19 Ela subiu ao trono com a graça elegante de um lince caracal. Os acólitos então levavam para o salão da loja um atua 20 pintado de forma vívida, adornado com vevers em relevo por intrincados padrões de conchas de búzios. A caixa era funda e pintada na tampa havia dois grandes olhos que circundavam um par de perfurações que serviam de grades vedadas por fortes fios de metal. Através dessas aberturas, o piscar ocasional de uma língua violenta traía a presença na caixa de um obi ou serpente fetiche.
 
Depois de colocar o atua no altar, exatamente onde o laço ou porta astral deveria ser formado, os acólitos se retiravam. Moussine e Bula prepararam-se então para a jogada final das varas, ele antecipando habilmente cada manobra feita pelo seu parceiro. Mas um movimento que ele não antecipou. A mamaloi, hipnotizada pelo rápido movimento das varas, balançava-se no trono, seu corpo esguio brilhando como ébano à luz da única lanterna esférica suspensa acima dela como uma lua cheia. Ela estava cantando para si mesma quase inaudível quando a vara de Bula – de repente voou pela tangente. Parecia ter sido arrancada de sua mão, ziguezagueando como um bumerangue e aterrissando com um baque no atua. Ao fazê-lo, a tampa se abriu e a serpente rumou para o altar, deslizou pelos lados e desapareceu atrás das folhas que contornavam o trono. A mamaloi estava alheia. Ela seguiu o rito, conforme prescrito, e esperou em um estado de receptividade somniforme. A vara violenta foi habilmente apanhado por Moussine, que a jogou de volta para Bula. Prosseguiu com seus traçados como se nada tivesse acontecido. Mas a vara agora se comportava como se estivesse imbuída de uma consciência própria e de sua identidade individual. Em vez de Bula guiar seus movimentos, a vara guiava os dela! Suas trajetórias traçaram vevers fantásticos que construíram um complexo tão poderoso em níveis astrais que Moussine começou a mostrar sinais de alarme. Ele valentemente aparou cada golpe, como um esgrimista defende seu próprio, percebendo que Bula havia entregado seu controle da vara a uma força alienígena e que a mamaloi sozinha estava em posição de ajustar as forças desequilibradas.
 
Em um esforço para restaurar a harmonia, Moussine alinhou sua vara com o espaço reservado para o laço, se tivesse sido (como deveria ter sido) estabelecido diante do altar. Ao fazê-lo, as energias solares que ele representava descarregaram toda a sua força naquele ponto do altar, no qual ainda não existia lua receptiva. Dois dos acólitos batiam um complexo ritmo Petro nos tambores, e a mamaloi – com um gesto brusco e imperioso – levantou-se do trono e deu o sinal de advertência.
 
Uma atmosfera curiosamente onírica invadiu o salão da loja. Quando os tambores atingiram um tom de intensidade feroz, a mamaloi pegou o atua e olhou para dentro. Ela recuou imediatamente, e um espasmo violento contorceu suas feições. Moussine, sabendo que o rito havia fracassado além do ponto de correção, tentou se retirar, mas uma força maior do que ele o manteve preso no local. Bula também estava distraída. Então, uma fantástica onda de energia fluiu da porta que ainda não havia sido estabelecida. Tomou a forma de uma brisa que subiu para uma explosão constante. Ela explodiu da caixa que Moussine supostamente tinha deixado vazia, mas quando Bula se abaixou para devolvê-la ao altar, algo metálico escorregou de seu interior e caiu no chão. Quando Moussine o pegou, a mamaloi declarou que o rito havia terminado.
 
Mas esse não foi o fim.
 
Moussine pegou uma pequena placa de metal de cerca de 5 polegadas quadradas. Trazia uma miniatura finamente desenhada e executada em esmaltes. A cena retratada era um complexo de aldeia; poderia ter sido no Haiti, em Madagascar, até mesmo na Louisiana. A aldeia fazia parte de uma paisagem noturna. Uma lua cheia brilhava sobre um manguezal no canto esquerdo da imagem. Ao lado disso, algumas habitações primitivas estavam amontoadas em sombras profundas. A porta de uma residência um pouco mais abastada estava aberta, e uma tênue iluminação de dentro lançava um tênue raio de luz no chão que ficava além da varanda, onde uma figura indistinta estava sentada a uma pequena mesa circular.
 
A imagem possuía uma qualidade estranhamente atraente; fascinava apesar de seu conteúdo indiferente. Lembro-me bem da sensação de mistério que estimulou nos membros da loja depois que o rito foi declarado abortivo. Perguntas foram feitas e se verificou que o responsável pelo fornecimento da caixa contendo o obi 21 não sabia que continha mais alguma coisa. A imagem foi passada várias vezes antes que alguém fizesse uma descoberta surpreendente. Não havia nenhuma figura sentada à mesa redonda na varanda! A ilusão fora gerada, sem dúvida, pela sombra de um galho de mangue. No entanto, todos teriam jurado que uma figura humana estava sentada ali. Além disso, sobre o lintel da porta e banhado em luz amarela, um objeto indefinido agora era claramente discernível. Poderia ter sido uma serpente, ou uma vara. Ninguém conseguiu identificar. Então, alguém foi visto dentro da casa. Através de uma janela fracamente iluminada, um interior escuro era vagamente visível, e com ele uma figura sentada diante de outro objeto duvidoso que pode ter sido um homem ou uma mulher. A julgar por sua rigidez antinatural, parecia ser algum tipo de efígie.
 
A qualidade misteriosa da imagem foi enfatizada mais tarde, quando um visitante anônimo visitou a Loja com a intenção de recuperá-la, mas ele (ou ela) não conseguiu fazê-lo. O enigma se desvaneceu inevitavelmente no fluxo dos acontecimentos, mas Moussine – que conhecia o Haiti e seus costumes – deu a continuação, que se mostrou ainda mais estranha.
 
Moussine tinha todo o orgulho de sua raça e considerava uma questão de honra não apenas para si mesmo e para sua arte, mas também para seu país natal, descobrir o mistério por trás da placa de esmalte. Ele, portanto, manteve um registro cuidadoso das transmogrificações quase imperceptíveis que apareciam periodicamente no quadro, desde o momento em que a figura desaparecia da varanda, até o advento de outra figura, que aparecia e desaparecia de acordo com certas fases da lua. Também foram periódicas as tentativas de recuperar a placa que, como Moussine percebeu, de alguma forma havia encontrado seu caminho para o atua do obi. Ele a havia trancado em seu santuário, magicamente protegido por selos e outros dispositivos que haviam frustrado com sucesso os ataques ocultos. Uma noite, no entanto, ele foi acordado por gritos aparentemente vindos de trás da casa. Ele ocupava uma grande residência que se juntava a um extenso aviário; ele estava, portanto, familiarizado com os ruídos que os pássaros provavelmente fariam. Mas levou algum tempo para perceber que os ruídos, abafados embora estridentes, vinham do armário do altar na sala do santuário. Ao abrir a porta do armário, notou um leve esplendor. Diminuiu à medida que a abertura se alargou. Ele extraiu a miniatura e notou nela uma mudança fantástica. A lua, não mais cheia, brilhava como uma foice vermelho-sangue. A ‘efígie’ na sala tinha caído para a frente, e um movimento curioso podia ser sentido ao invés de visto na região da varanda. Lá, a figura escura da imagem original agora estava sentada novamente, curvada sobre a mesa. Moussine então notou uma série de vevers inscritos na superfície da mesa, cuja parte superior lembrava a lua cheia que pairava sobre a habitação na composição anterior da imagem. Ele também percebeu que outro som, como o chocalhar de uma fechadura, vinha da cozinha.
 
A lua estava cheia naquela noite de fato, e Moussine não teve dificuldade – olhando para baixo da janela do primeiro andar – em ver alguém tentando abrir a porta dos fundos; não à maneira de um ladrão, mas de forma imprudente. Ele correu escada abaixo, escancarou a porta e admitiu uma mulher de olhos arregalados que o acusou de roubar a alma de seu amante!
 
Sua história, como Moussine finalmente soube, era que um poderoso homem (que praticava) Obeah havia aprisionado a alma em uma imagem mágica que agora era o único repositório de sua vida, e isso era controlado absolutamente pelo feiticeiro. A vítima havia sido reduzida ao estado de um zumbi cujo corpo se sentava – quando não animada para cumprir a vontade de seu captor – diante da mesa em que os membros da loja a viram pela primeira vez retratada. Do lado de fora, na varanda, o feiticeiro controlava sua Marionete manipulando o círculo mágico da lua inscrito com vevers.
 
A complexidade da situação estava além do alcance de Moussine, pois ele não sabia que os bastões hipnóticos haviam sido roubados da residência do feiticeiro e que eram a causa eficiente de seu poder. 22
 
O fetiche obi que acompanhava a placa parece ter sido um réptil inócuo. Mas não era mais inócuo, tendo sido contaminado pelo contato com a imagem do espírito. A placa e as varas derivavam da mesma fonte, e a serpente – sendo a encarnação senciente das varas – adquirira a potência da corrente ofídia que hipnotizara o amante da mulher. Ela agora estava louca de medo, tendo sido avisada de que se a placa não fosse devolvida ao feiticeiro, ela e seu amante morreriam. Mas sua tentativa desesperada falhou, apesar da disposição de Moussine de entregar a imagem. “Ele estava prestes a entregá-la quando um espasmo violento a atingiu. Ele deixou cair a placa, observando, ao fazê-lo, uma entidade escura e serpentina que emergiu da boca da mulher e estourou sobre a soleira.
 
Depois de chamar uma ambulância e atender às formalidades exigidas, Moussine procurou em vão a imagem. Ele soube mais tarde que a mulher havia morrido antes de chegar ao ‘hospital’. A miniatura mágica e o obi fantasma nunca foram encontrados. As pontas das varas sobrevivem, mas Moussine não queria “mais nada a ver com elas. Ele as deixou na Loja Nova Ísis, onde uma vez fizeram parte de seu museu secreto.

NOTAS

1 Ver p.34 e ver também p.36.

2 Cf. “dahna”, o Deserto Carmesim.

3 Thrice Greatest Hermes – G. R. S. Mead.

4 O número 23 esconde a fórmula da Mulher Escarlate: 3 menos 2 = 1; 2 mais 3 = 5; 2 vezes 3 = 6 (ou seja, 156 = Babalon).

5 Porque 5 é o número da Mulher, portanto 5 x 5 é a expressão mais completa de sua fórmula. Este ritual foi publicado, veja Magick (Liber Aba) – Aleister Crowley (RKP).

6 Ou seja, os kalas da sacerdotisa.

7 Veja Cultos da Sombra, capítulos 4 e 5.

8 “Céu” sendo o continuum espaço-tempo extra.

9 Veja Fora dos Círculos do Tempo para uma explicação completa desta Palavra e sua relação à Corrente 93.

10 Crowley, também, fez este ponto, em uma carta a Norman Mudd.

11 Isso foi representado pelos antigos egípcios pelo sinal Neter do machado, ou (a figura de machado/sete).

12 Deve ser lembrado que o escriba, Ankh-af-na-Khonsu é alguém dos “mortos”.

13 Veja The Equinox, vol.1, número 7, p.386

14 Veja Liber XXXI, de Frater Achad.

15 Espada é uma tradução da letra zain, cujo número é 7. Os mistérios de Z-ain foram explicados em Fora dos Círculos do Tempo. Ver também Parte II, cap.9 (infra).

16 Cf, AL.III.11: “Que a mulher seja cingida de espada diante de mim”.

16a Veja Outside the Circles of Time, p. 215.

17 Bastões de apontar esculpidos nativos. Veja placa.

18 Diagramas de força mágica comparável aos yantras hindus.

19 Uma adepta em ritos Vodu; o equivalente feminino do papaloi.

20 Veja Pt.1, cap.1.

21 Isso tinha, de fato, vindo do Haiti.

22 Spare também não fazia ideia de sua origem. Recebera-os como um lieu (forma) de pagamento de um dos seus quadros de um negro que também desconhecia a sua origem.

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