Introdução à Magia de Maat

A Magia Thelêmica de Maat: Amor sob Vontade

Por Kenneth Grant. Revisão de Ícaro Aron Soares, @icaroaronsoares, @conhecimentosproibidos e @magiasinistra.

Entre os antigos egípcios, Maat era conhecida como à Deusa da Verdade e da Justiça. Este livro diz respeito à comunicação do mais alto nível, em especial a respeito da auto-iniciação em Seus Mistérios.

É difícil inserir A Magia de Maat em seu verdadeiro contexto e perspectiva sem invocar inúmeros eventos aparentemente sem relação entre si, e que se estendem por muitas décadas. É um trabalho extremamente minucioso, possuidor de uma sutileza e profundidade não aparentes de imediato. Entretanto, a adição da letra “k” à palavra Magic (Magia), adverte-nos que estamos entrando em território de Crowley.

Dez anos após a morte de Crowley em 1947, uma porção de cartas escritas pelo seu “filho mágico”, Frater Achad, revelou que aquele território era um verdadeiro campo minado e que a controvérsia sobre os Mistérios de Maat era o estopim que, eventualmente, afastara os dois homens.

Um pouco antes da morte de Crowley e totalmente ignorante sobre a tensão que existia entre esses dois grandes magos, perguntei-lhe quando o Aeon de Maat iria ter início. A Segunda Guerra Mundial estava para terminar e, ao contrário do espírito geral de regozijo, Crowley declarou que a guerra nem mesmo começara! Referia-se, é claro, aos anos turbulentos antes do início do Aeon de Hórus — que começaram quando ele fora inspirado a escrever o Livro da Lei em 1904 — realmente por-se a caminho. Um tanto envergonhado perguntei novamente quando ele pensava que o Aeon de Maat iria surgir. Respondeu-me, de modo lacônico “Maat pode esperar”. E, de fato, Maat esperou, mas não tanto, talvez, quanto Crowley pensava. No ano seguinte à morte de Crowley, isto é, 1948. Frater Achad anunciou o Início do Aeon de Maat em uma série de documentos inclusos na correspondência acima mencionada. Estudei esses documentos com certo cuidado quando aconteceu de tê-los à mão, e os argumentos plausíveis e evidências fornecidas por Achad levaram-me a acreditar que ele poderia estar com a razão: mas algo estava faltando. Esse algo resultou ser a mensagem que Nema, profetiza e autora deste presente livro, recebeu de uma entidade extraterrestre chamada N’Aton, cerca de dezesseis anos mais tarde. Tal mensagem aparece neste livro como Liber Pennae Praenumbra, uma declaração simples e direta, sem a complexidade tortuosa inerente à declaração de Achad; entretanto, contém profundas implicações metafísicas e espirituais. Com habilidade, Nema enfoca esse assunto, assim como fornece um manual bem definido e magia, prática a serviço dos que possuem uma inclinação para o cerimonial. Está tudo aqui; a teoria e a prática de uma cultura mágica a qual, no auge de seu desenvolvimento, emerge como uma profunda experiência mística da Verdade, despida de todo deslumbramento – na realidade, de toda magia. Ninguém que escreva hoje em dia, a não ser Nema poderia englobar tantos conhecimentos de maneira tão direta.

Em recente carta endereçada a mim, Nema descreve seu templo Astral: “Meu Templo Astral (uma estrutura em arenito no formato ankh) situa-se na “Planície das Estrelas” – um deserto de areia de cor rosa-lavanda, por onde flui o brilho de miríades de estrelas e galáxias… Descobri-o em 1973”.

Tal descrição me recordou, inevitavelmente, de uma experiência compartilhada com outros membros da Loja Nova Ísis, em 1955, um pouco antes da mensagem recebida através de uma fonte que chamamos de Zona Malva. Tal experiência envolveu uma estrutura com o formato do glifo astral de Vênus — muito parecido na forma com o sinal de ankh. Possuía enormes proporções e estava verticalmente encravado formando um estranho ângulo, em um deserto de matiz lilás e de areias ondulantes que se moviam como água sob uma brisa constante. No alto da estrutura fluíam três fachos de luz branco-azulada e intensamente brilhante. Esse sinal foi posteriormente modificado e adotado pela Loja como seu Sinete mágico.

Pode ter ou não relevância o fato de termos visto na vastidão daquela paisagem, parcialmente imersas sob a veia, o que parecia ser várias estruturas similares, pois apenas suas partes superiores estavam visíveis. Tinham a forma de meia-lua com uma língua de togo tripla pairando em seu cume arredondado. Nema, que nada sabia a respeito, foi a primeira pessoa a descrever detalhes análogos a respeito das duas principais imagens — a estrutura com formato de ankh e a cor do deserto.

Foi devido à experiência da Loja e aos Contatos Internos estabelecidos posteriormente, que passei a interpretar as estruturas como sendo estações receptivas ou templos de Iniciação, embora não os tenha relacionado à Maat. Entretanto, se tinham tal relação, então a Loja Nova Ísis tropeçou em uma zona mágica, na qual, quase vinte anos depois, em 1974, Nema recebeu o Liber Pennae Praenumbra.

Uma das mais profundas e, ao mesmo tempo, práticas lições provenientes da Magia de Maat é, sem dúvida, de que não temos que “esperar” por Maat. Para aqueles que vivem e trabalham AGORA na Luz de Maat, seu Aeon já é uma realidade. O conceito de sucessivos aeons surge como um mal-entendido, vivemos no aeon que projetamos à nossa volta, como nossa “vida”, nosso “mundo”. Segue-se que, se pararmos de projetar, ficaremos disponíveis para a Própria Maat. Essa é nossa Verdade e a Verdade que incessantemente projetamos.

Kenneth Grant, Londres.

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