Adepto Externo: O triunfo da vontade

StarryNight3

Thornian, ONA.
17 de Nov., 1999eh.
Vinland.

Introdução: Iniciação e rito do adepto externo

O rito de Adepto Externo é o culminar de todas as tarefas anteriores; um ordálio que traz perspectiva e determinação, colocando fim ao noviciado e emergindo a verdadeira iniciação. Durante o noviciado, o noviço Satânico passa por vários testes de experiências, desafiando a consciência para primeiro descobrir e, posteriormente, integrar sua sombra. No nível mágico, começando pela iniciação, o iniciado começa a trabalhar com a Árvore de Wyrd, invocando cada um dos respectivos Deuses Obscuros – clamando para que suas energias lhe invadam, o que muitas vezes causa uma grande agitação. Em todas as vinte e uma invocações realizadas durante um período de vinte e uma semanas, o iniciado começa a aprender a despertar essas energias “obscuras” que, por sua própria existência, fazem parte de nós.
Muitas vezes este processo, se combinado com diversas outras tarefas, começará a apagar qualquer ilusão pessoal anterior, revelando apenas o potencial (para o não-iniciado) que encontra-se normalmente adormecido entre as preocupações mundanas da vida cotidiana.
Seguindo diretamente os trabalhos com os caminhos, o novato Satânico começa a trabalhar com as setes esferas por mais sete semanas. Os trabalhos nas esferas continuam o processo interposto através da iniciação e dos trabalhos no caminho, mas muitas vezes servem para extrair um elemento diferente da consciência – trazendo uma compreensão mais completa das energias bi-esféricas invocadas durante os trabalhos no caminho. Eventualmente, alcançando uma compreensão incomunicável de inter-relação de cada esfera com e além de outras esferas – a “Harmonia das esferas”, há uma compreensão que não pode ser totalmente desenvolvida até os estágios mais avançados do Caminho Septenário. Na verdade, nenhuma energia pode ser experimentada ou compreendida em sua essência primitiva até que a concha através da qual viemos originalmente seja eliminada.

Ao longo das diversas tarefas estabelecidas na Tradição Obscura, o novato começa a experimentar a verdadeira iniciação.
O Rito de Iniciação é um início para isso, pois a iniciação é um processo orgânico genuíno que possui vida própria. Através desse processo de iniciação, o novato começa a desenvolver um caráter genuinamente Satânico. Sem passar por esse processo com auto-honestidade, não é possível desenvolver tal caráter. “Pular os requerimentos” não é iniciação.

No momento em que o iniciado está pronto para passar pelo Ritual de Grau de Adepto Externo, ele experimenta diversos dilemas pessoais em relação à tradição. Superar esses dilemas prepara o iniciado para o avanço para a próxima fase do seu desenvolvimento ao longo do Caminho Septenário. No entanto, a maioria dos iniciados não percorre o suficiente sequer para tentar o Ritual de Grau de Adepto Externo, em decorrência de ter encontrado ilusões ou desculpas que foram apresentadas com perfeição razoável. Assim, os Satanistas se distinguem daqueles que possuem menor vontade.

O Ritual do Grau

O Ritual de Grau de Adepto Externo completa a iniciação/noviciado – e em si é um rito iniciático genuíno na Tradição Obscura, e exige um caráter condizente apenas com Satanistas genuínos. Trata-se do clímax de um ritual maior – um ritual que tem inicio com o rito de iniciação, e continua através do caminho e dos trabalhos das esferas. As tarefas executadas anteriormente pelo noviço buscando o ordálio de Adepto Externo são pré-requisitos. Emergir do ordálio eminente de um Adepto Externo requer a honestidade brutal da iniciação genuína – que só é concluída pelo próprio rito. Sem tal auto-honestidade brutal, sem o caráter Satânico genuíno produzido pela iniciação, não é possível alcançar esse próximo estágio no seu desenvolvimento.

O rito em si possui uma forma simples, ainda que seja difícil de alcançar. O local do rito deve ser escolhido com antecedência, e alguns problemas serão encontrados ao buscar local apropriado. Um verdadeiro iniciado saberá quando tiver encontrado o local correto, ou quando tiver feito a escolha certa. Assim como um verdadeiro iniciado também saberá a hora certa para o ritual. Até mesmo a escolha do local é um teste; um teste que somente os deuses irão determinar o resultado. Deixe sua intuição guiá-lo e passe algum tempo no local. Ele deve ser numinoso, um local onde você se sinta especialmente em sintonia com o mundo natural. Um local onde seus passos sejam bem-vindos, mas os da indústria não. Ele deve ser uma colina isolada, sem árvores, onde seja possível uma visão clara das estrelas. Caso não consiga uma área similar, utilize uma clareira natural dentro de uma floresta, livre de interrupção humana. O local deve ser tal que não haja nenhuma chance de interrupção humana.

O ritual deve ser realizado em uma noite de lua nova, ou em outro dia adequadamente sagrado. O mais recomendado é uma noite clara onde seja possível enxergar as estrelas. Após escolher a noite para o rito, somente é possível mudá-la uma única vez. Se as condições não forem favoráveis, poderá escolher outra noite – apenas uma vez. Chuvas, temperaturas frias, etc. são esperadas. Elas são uma parte necessária do rito, uma vez que ao realizar o rito você está se comprometendo a um teste de vontade – após a decisão ser tomada, estará sujeito a qualquer um dos tormentos que os deuses levem até você… Trajando apenas vestes pretas, ou um traje cerimonial específico (não consistindo de um manto), não leve nada contigo – apenas um tetraedro de Quartzo.

O ritual pode ser formalmente iniciado com o cântico de Diabolus, segurando o tetraedro com ambas as mãos diante de você, olhando em direção ao sol poente.
Depois disso, deite no solo com sua cabeça para o leste. Permaneça ali, sem se mover ou adormecer, do anoitecer até o amanhecer. Durante o rito, pense nas tarefas anteriormente realizadas, nas relações mágicas ou pessoais relevantes, e no seu futuro junto ao Caminho Septenário. Após limpar seus pensamentos, preste atenção nas estrelas, identificando as constelações que você conhece, observando-as fazer o seu caminho no céu. Permita entender o cosmos, os mundos distantes, e o potencial cósmico que nos agraciou, o qual devemos atender. Permita que as estrelas guiem o seu pensamento, e deixe-os existir como realmente são. Durante o amanhecer, curve-se em direção ao sol nascente e complete o rito. Após sua conclusão, abandone o local.

A tarefa não é fácil, e exige uma grande força de vontade. O fracasso não é uma opção, não há uma segunda chance. A conclusão com êxito do rito exige auto-honestidade: se você dormir ou se mover, o rito será considerado nulo. Há diversos fatores que podem surgir durante o rito. Uma névoa pode tomar conta do céu e esconder as estrelas, fazendo com que você não consiga se concentrar, tornando cada vez mais difícil se manter acordado. Você pode ser perturbado por animal selvagens (especialmente se o rito for realizado em uma clareira numa floresta), ser picado por insetos, aranhas etc. Também pode sentir frio, ou ser incomodado pela chuva ou vento. Tudo isso e muito mais pode ocorrer, e quando ocorrerem, você não deve ter nada, exceto a vontade de passar pelo rito.

Tradicionalmente, todos os que progrediram ao longo do Septenário completaram este rito na primeira tentativa. Não se escuta falar de fracassos. Ou a pessoa possui o desejo e a vontade de completar o ordálio, ou não possui. Ou a pessoa passa pela iniciação Satânica genuína, ou não passa. Ou a pessoa possui o caráter digno de um Satanista, ou ela deve lidar com o fracasso. Novamente, o rito deve ser concluído na primeira tentativa, independente do que possa ocorrer durante o curso do rito.

Conclusão

O triunfo bem sucedido diante do ordálio é uma porta de acesso entre os estágios de Iniciado e Adepto Externo. Emergir como um Adepto Externo não acontece de forma circunstancial, ou apenas pela conclusão do rito. O iniciado deve saber que ele já estava se tornando um Adepto Externo antes do devido rito. As tarefas iminentes devem começar naturalmente através do ímpeto adquirido ao longo de iniciação. Já se deve ter ciência para onde se está indo além do rito. O ritual de grau em si é o ato final necessário a ser concluído antes de adentrar plenamente as tarefas iminentes de um Adepto Externo. É o fator decisivo de iniciação.

Assim ocorre a verdadeira iniciação, e então o Adepto Externo começa outro longa caminho no seu desenvolvimento – através de testes e ordálios mais difíceis, desafiando a si mesmo e o mundo durante o processo.

Tradução: Yogamaya Purnamasi Devi Dasi
Revisão: AShTarot Cognatus

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