A fim de representar tais tópicos de uma forma que provoque um entendimento consciente e elevado, e posteriormente o desenvolvimento da percepção, é necessário desenvolver um novo tipo de representação abstrata – um novo tipo de matemática. De qualquer forma, antes de prosseguir com isso, algumas classificações gerais são necessárias.
Aeon é o termo usado para descrever um estágio ou tipo de evolução – A evolução é tida como o resultado de um determinado processo – e este pode ser descrito através de uma bifurcação do tempo.
Ou seja, a evolução é uma expressão de como o cosmos muda em certos aspectos ao longo do ‘tempo’ – sendo que este ‘tempo’ possui um aspecto causal e acausal: a evolução é um aumento do acausal no causal.
Mais precisamente, o cosmos existe em ambos espaço-tempo causal e acausal, onde o espaço-tempo causal (simbolizado por ) possui 4 dimensões: três espaciais, e uma dimensão do tempo, sendo esta linear. O espaço-tempo acausal (simbolizado por
) possui dimensões espaciais e uma dimensão de tempo acausal.
intersecciona
em determinados lugares – esses lugares não são ‘formas de vida’: ou seja, um organismo vivo é um local onde
e
coincidem. A vida consciente é considerada uma intrusão em ‘larga-escala’ de
– em
: uma emergência ao invés de apenas um ponto de coincidência. É dito que a consciência reside, ou está, no acausal.
A energia de e suas mudanças no tempo causal, podem ser descritas e, assim ‘explicadas’ por métodos científicos convencionais, por exemplo, pela Física. A energia do
e suas mudanças podem ser descritas por uma nova ciência que usa a geometria não-espacial do acausal e do tempo acausal.
Um Aeon é uma forma ou tipo de energia acausal que se manifesta no causal – isto é, ele possui certos limites tanto no tempo causal, quanto no espaço tridimensional. Ele reordena o causal – que é simplesmente outra forma de dizer que tal energia acausal produz certas mudanças no causal.
Uma civilização (ou então uma civilização ‘elevada’ ou Aeônica ) é a maneira como esta forma, esta energia, é ordenada no causal – de um ponto de vista causal. Uma analogia inexata seria uma árvore de carvalho – a superfície da terra é o limite entre o causal (acima) e o acausal (abaixo). As raízes estão no acausal (a energia acausal), o tronco e os galhos no causal. O aspecto ‘aeônico’ são as raízes; o aspecto da civilização é o tronco; as sociedades dentro da civilização são os galhos, e os indivíduos dentro da sociedade são os galhos e folhas.
Civilizações, Aeons e indivíduos são exemplos de organismos – eles são criados, ou nascem, crescem, mudam e, por fim, morrem. Eles ocupam um espaço finito sobre um tempo finito, sofrem metamorfose e assim por diante. Eles possuem uma determinada estrutura ou forma, cuja variável dentro de certos limites é igual ou similar para todas as manifestações semelhantes – e esta forma pode ser estudada e classificada, e modelos apropriados formulados para representá-la, bem como as mudanças pelas quais ela passa.
Em essência, uma civilização é um aspecto de um Aeon, e um indivíduo é um aspecto de uma civilização. Todos os indivíduos – a menos e até que eles alcancem um certo grau de auto-consciência [variadamente chamado de individuação e grau de adepto], e depois a liberdade e liberação interna do ‘inconsciente’ e de outras influências – estão sujeitos à psiquê e esta psiquê é determinada (ou seja, de onde drena sua energia) pela civilização e, portanto, pelo Aeon. Uma forma que a energia assume são de ‘arquétipos’. Esta energia [que é basicamente ‘acausal’ e não deve ser confundida com a energia física descrita pela Ciência como energia causal] determina ou influencia as ações/não-ações dos indivíduos na medida que esses indivíduos afetam a civilização e, portanto, o Aeon. Em outras palavras, suas vidas não afetam ou mudam a civilização ou o Aeon. Eles são parte do Wyrd daquela civilização – eles não possuem um wyrd próprio. Usando a analogia inexata – um indivíduo com wyrd (um Adepto ou alguém que tenha alcançado a individuação) é uma semente que se liberta da árvore, tornando-se capaz de iniciar um novo processo (uma muda). Todos os outros indivíduos ligados à árvore crescem conforme ela cresce, e também morrem quando ela morre.
Dessa maneira a civilização expressa uma ordem de evolução. Sua energia e, portanto, seus arquétipos, é determinada pelo Aeon que a ‘cria’ [ou melhor, causa a sua criação/manifestação no espaço-tempo causal]. Estas energias, tanto para uma civilização, quanto para um Aeon, podem ser descritas de várias maneiras. A maneira mais simples (e não muito precisa) é a mitológica/arquetipíca.
Um Aeon possui uma duração de cerca de 2.000 anos de tempo causal. Ele está vinculado a uma determinada região geográfica, e há um centro no qual a energia acausal é mais forte. Isso ocorre porque um Aeon é um presenciamento físico de energia acausal através de um nexion – ou seja, um nexo entre o acausal e causal. Este centro geralmente adquire uma natureza religiosa ou de culto: em sua maioria, inconsciente. Ou seja, certos indivíduos ‘são atraídos para esta área’ e a energia acausal produz/provoca alterações internas e externas na psiquê destes e de outros indivíduos.
A lista abaixo descreve a energia de cada Aeon que existiu em termos mitológicos/arquetípicos – trata-se de um guia, ao invés de uma descrição exata das energias, bem como um guia para as alterações causadas na psiquê. [A descrição exata é puramente abstrata – em símbolos – e será fornecida posteriormente].
Cada Aeon possui uma determinada civilização associada a ele. (Consulte a lista). Sua energia pode ser expressa em termos de um ‘ethos’ – isto é, como o [onde o símbolo
representa o(s) indivíduo(s)] dentro desse
(onde o símbolo significa ‘civilização’] compreende causalmente e acausalmente [ou, em termos simples, tanto racionalmente, quanto intuitivamente] a energia acausal do Aeon. Este ethos, como um
, cresce e muda; Ele evolui.
As civilizações listadas são ‘superiores’ ou Aeonicas – aquelas que têm alterado/moldado a evolução consciente. Já houveram outras civilizações, mas no geral não contribuíram significativamente para a evolução em termos de criatividade – geralmente estão relacionadas, no tempo e no espaço, a uma civilização existente ou que já existiu. Os critérios para uma civilização Aeonica são: (a) possuir um ethos distinto [Nota: um ethos não é uma ‘religião’, não aquilo que convencionalmente considera-se ser uma religião]; (b) originar-se principalmente de um desafio físico [em vez de desintegrar-se de uma civilização já existente (ou seja, o desafio como tal é social)]; (c) ser criativa em grande escala.
Na análise das civilizações e suas alterações, o trabalho de Spengler e Toynbee é valioso, embora seus detalhes não sejam essenciais. O que o trabalho deles tem feito é contribuir com algumas ideias fundamentais sobre a natureza e estrutura das civilizações – seu trabalho detalhado (tais como, no caso de Toynbee, datas históricas e eventos) adiciona carne aos ossos da teoria aeonica aqui proposta, mas essa teoria é independente de tal detalhe, que pode e deve ser futuramente superado. As duas ideias mais fundamentais destes historiadores são a metamorfose daquilo que Spengler chama de ‘cultura’ e a gênese das civilizações conforme determinado por Toynbee – sua origem, classificação, inter-relação e assim por diante. Estas ideias foram combinadas com outras – algumas originais, outras não (alguma parte da ‘tradição esotérica’) – para fornecer a estrutura para a teoria aeonica/acausal aqui descrita. Este quadro é ‘Cliologia’ – o estudo desses processos que causaram a mudança histórica.
O mecanismo pelo qual as civilizações afetam a evolução é o dos ’indivíduos criativos’. A maioria deles é influenciada pelo ethos de sua civilização a agir, ou expressar esse ethos de forma mais consciente, fazendo com que outros ajam. Alguns indivíduos de uma civilização alcançam o estágio de evolução consciente que os liberta da influência do ethos – seja o ethos da sua própria civilização, ou de outra. Logicamente, há muitos que acreditam estar livres de tal influência – mas crença não é o mesmo que realidade. Tem sido e é o objetivo das artes esotéricas genuínas, habilitar os indivíduos para chegarem na fase de desenvolvimento consciente, onde se tornarão livres de tais influências – ou seja, alcançarão uma identidade singular. Isto requer visão, conhecimento e razão – os quais são auxiliados pela compreesão de como e porque as coisas (como as civilizações) são como são. Cliologia é uma expressão dessa compreensão, e o aprendizado do assunto auxilia no desenvolvimento consciente, o que possibilita tornar-se um Adepto e a individuação. A forma abstrata aqui fornecida (especialmente, na segunda e terceira parte deste tratado introdutório) leva este entendimento racional mais além.
Cada civilização segue um padrão. Isso pode ser simbolizado e, portanto, estudado. O mesmo vale para um Aeon. Tal estudo permite duas coisas importantes. Em primeiro lugar, permite uma objetivação. Em certo sentido, trata-se da retirada de projeções (em termos junguianos). Em segundo lugar, desenvolve as faculdades já existentes e cria novas – a capacidade de raciocinar no simbolismo abstrato, por exemplo, onde os símbolos são ‘numinosos’ (ou seja, “vivos”) ao invés de serem simplesmente ‘intelectuais’. Ou seja, tais símbolos se relacionam ao que é importante para a vida dos indivíduos. [Em um sentido simples, os símbolos de cliologia estão imbuídos de ‘energias psíquicas’ e, portanto, possuem ‘poder’. Mais corretamente, os símbolos representam energias acausais contra as causais, tais como em matemática e física.]
A simbolização permite que os padrões sobre os níveis de um Aeon, de uma civilização e dos indivíduos, sejam seguidos e manipulados, se necessário. Ela permite a introspecção dos Aeons, civilizações, indivíduos, e de si própria e, portanto, constitui a essência do ensinamento esotérico interno.
No momento em que escrevo, há três tipos de simbolização, sendo dois deles desenvolvidos recentemente. O primeiro tipo é a simbolização mitológica/arquetípica – o uso de mitos/arquétipos e tais formas para descrever/representar os processos e padrões. Tais representações são tradicionais e ainda são úteis, especialmente nas fases iniciais do estudo. [Um tipo desta forma de representação é a árvore de Wyrd Septenária, com cada esfera associada a diversos arquétipos/formas mitológicas e assim por diante.] O segundo tipo é o Jogo Estelar – uma colocação de símbolos abstratos que representa o acausal se manifestando no causal, estes símbolos, conforme mencionado acima, são numinosos. O terceiro tipo, os rudimentos descritos na segunda e terceira parte do presente trabalho, é um sistema abstrato formalizado que representa o início de uma nova ciência. O primeiro e segundo tipo estão completos. O terceiro tipo apenas começou a ser desenvolvido – os próximos séculos devem presenciar a conclusão da maioria dos fundamentos desta nova Ciência. O domínio do primeiro tipo de simbolização é relativamente fácil. A maestria do Jogo Estelar (nas versões avançadas e Setenário) conduz a um grande esforço intelectual, estendendo as fronteiras da evolução consciente. A compreensão do terceiro tipo, leva a evolução consciente ainda mais adiante. A conclusão deste terceiro tipo expandirá as fronteiras até praticamente o seu limite. Todos os três tipos são artes esotéricas genuínas.
Tradução: AShTarot Cognatus
Revisão: Yogamaya Purnamasi Devi Dasi
– Ordem dos Nove Ângulos –
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