H.P. Lovecraft e os Deuses Obscuros

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Muito foi dito e escrito nos últimos anos sobre os escritos de HP Lovecraft, especialmente a respeito dos mitos de Cthulhu, mas para obter uma visão da verdade é necessário comparar os mitos de Lovecraft com uma das tradições mais sinistras do Ocultismo.

Lovecraft, ciente de partes da antiga tradição dos Deuses Obscuros, dramatizou e representou mal a tradição como um todo. Parte dessa má representação foi literária, algumas delas surgiram porque Lovecraft não conseguia enxergar além do Abismo, onde os opostos não têm sentido, mas a maior parte da má representação surgiu porque Lovecraft teve acesso a apenas parte da tradição, através de suas próprias pesquisas ocultas, e às vezes experiências ineptas com o controle dos sonhos.

Para estes, ele adicionou suas próprias invenções – como o chamado “Necronomicon” (o livro deste título publicado por Colin Wilson et al é uma farsa) – que ele tecia nos mitos de Cthulhu. Esses mitos são muito semelhantes à tradição genuína dos Deuses Obscuros, da qual deriva, como um pinheiro para um carvalho.

Uma das representações erradas de Lovecraft é na nomeação dos Deuses Obscuros. Os Deuses Obscuros (ou “forças”) podem ser simbolizados por vibrações, já que é em parte através de tal vibração que certos níveis de consciência podem ser alcançados. Esses níveis reapresentam o Caos primal – isto é, são desprovidos de Palavra, pois tais níveis antecedem o encobrimento, pela Palavra, ritual, ideia e até mesmo mito, da essência da qual o Ser e o não-Ser são derivados. Vistos convencionalmente, essas entidades são negativas e, por seu retorno, restauram o Caos – isto é, destroem a historicidade do Ser. Quando visto através da estrutura de opostos, tal retorno é aterrorizante.

Segundo a tradição, os Deuses Obscuros estão esperando, no que pode ser descrito como um universo paralelo, para retornarem à Terra e, assim, ao nosso universo espacial e causal.

Essencialmente, o universo dos Deuses Obscuros é acausal e os dois universos podem ser representados como sendo acompanhados por vários portais estelares (ou mais precisamente ‘nexions’). Esses “portais” são regiões do espaço-tempo, isto é, quando os portões estão alinhados de acordo com seu ciclo cósmico. Tradicionalmente, acredita-se que esses portões abrem uma vez a cada 2.000 anos. Por causa da natureza dos dois universos que se conectam (isto é, sua diferença no tempo e na geometria espacial), não somente a viagem física é possível entre eles, mas também, até certo ponto, uma forma especial de viagem astral. Essa forma astral é possível porque nossa própria consciência, por sua natureza e evolução, é parcialmente acausal e, portanto, já está em extensão em uma medida num nível primitivo desse outro universo. Assim, é possível para um indivíduo viajar para os outros reinos onde os Deuses Obscuros estão esperando, assim como é viável – se os portais psíquicos são abertos – para aquelas entidades temidas e negativas, que raramente são nomeadas, manifestarem-se em nosso nível. Tais viagens são manifestamente somente viáveis quando um nexion está prestes a ser aberto, está aberto ou está se fechando – isto é, no começo e no final de um Aeon. Em outros momentos, a viagem é muito difícil e medidas muito severas devem ser tomadas para criar a energia necessária. Tais métodos raramente foram usados no passado: eles envolvem grande perigo para o(s) indivíduo(s), rituais hediondos de sofrimento e sacrifício, ou detalhes imensos em preparação e a aquisição de um tetraedro de cristal da qualidade certa.

A intrusão dessas entidades em nosso universo assume muitas formas, tanto físicas quanto psíquicas, e aqui novamente Lovecraft as representou erroneamente. Segundo a Tradição, a última manifestação física evidente ocorreu há milhares de anos, cerca de 8.000 AP¹ , e deu origem, entre outras lendas, ao mito dos Dragões. Antes disso, a Tradição Sinistra fala da primeira vinda dos Deuses Obscuros no alvorecer de nossa consciência – provavelmente em torno de 20.000 sim, BP². A intrusão psíquica é muitas vezes mínima, mas ainda assim assustadora para alguns. De acordo com um relato recente: “Eles se escondem no limiar de suas presunçosas existências, suas asas e olhos e sons que eles enviam para todos que têm ouvidos para ouvir e mentes para saber. E eles esperam e residem no espaço entre os mundos, o espaço que é o canto do encontro das dimensões. Eles são os destruidores … os eternos não-nascidos, que esperam por nosso chamado. Logo eles virão para coletar o sangue que é exigido por Eles. Entendê-los é ultrapassar esse abismo além do qual o homem deixa de existir.

Tais manifestações frequentemente tomam a forma de pesadelos quando espontâneos, e a loucura ocasional não é desconhecida entre aqueles que deliberadamente tentaram trazer os Deuses Obscuros: por exemplo, em um caso conhecido pelo autor, no início dos anos setenta, um grupo tentou invocar essas forças. O trabalho foi apenas parcialmente bem sucedido e um dos envolvidos enlouqueceu.

Um dos efeitos mais notáveis do contato deliberado dos adeptos é a mudança que resulta na consciência de certos grupos de pessoas e indivíduos – como o ressurgimento de atavismos primitivos. Tais mudanças são muitas vezes incompreendidas, pois a maioria das pessoas ainda está presa aos conceitos de dualidade do velho Aeon, e nas últimas décadas essas mudanças têm sido um prelúdio para o chamado que reabrirá o nexion físico e fará com que os Deuses Obscuros retornem para nosso universo, e também para a própria Terra.

Os detalhes que Lovecraft dá a respeito de “chamados” e ritos são em sua maioria fantasiosos e só em alguns lugares ele inadvertidamente revela a verdade – por exemplo, em sua menção ao trapézio e “Azathoth”.
A chave para viajar ao longo das passagens entre nexions estelares e a chave para os nove ângulos é o tetraedro de cristal que é ativado pela vibração da voz. “Azathoth” como descrito por Lovecraft, é a reapresentação simbólica e distorcida da interseção no espaço-tempo acausal, dessas passagens astrais estelares: uma espécie de nó ou vórtice galáctico. Aqueles que viajam para lá nunca mais retornam os mesmos.
Ao longo das passagens estelares, jazem as cascas de antigas civilizações mortas há um bom tempo.

Os Nove Ângulos (a chave para contatar tanto o físico quanto o astral) são representados no Jogo Estelar Septenário, e é através desta representação simbólica que a magia dos Deuses Obscuros se manifesta. O resto, para os não iniciados, é puro terror.

Notas:

1 e 2 – A sigla AP (antes do presente) ou BP (before present, antes do presente, em inglês) é uma medida de tempo associada a certas datações em campos científicos como a arqueologia e a geologia, a fim de situar um acontecimento do passado.

Tradução : Chronus Rex
Revisão: AShTarot Cognatus

– Ordem dos Nove Ângulos –

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