
Metafísica do Sexo
Por Julius Evola. Tradução de Fernando Ribeiro de Melo. Revisão de Ícaro Aron Soares, @icaroaronsoares, @conhecimentosproibidos e @magiasinistra.
Encontramo-nos aqui perante a rica e estranha matéria das lendas e dos mitos heroicos nos quais se apresenta uma mulher sobrenatural como a dadora da vida, da ciência, da salvação, dum alimento místico e de uma força sagrada, até da imortalidade: fato que está frequentemente ligado com o motivo da Arvore — nas imagens egípcias, Nut, Mait, ou Hathor, a deusa que possui a «Chave da Vida» ou a «Bebida da Vida» confunde-se muitas vezes com a árvore sagrada, que se apresenta como árvore da tentação somente no mito hebraico, em lugar de representar, por exemplo, o símbolo da iluminação (budismo) ou de vitória e do império (lenda do Preste João) (NOTA 26). Descrevemos estas lendas num outro livro (NOTA 27) e indicamos o seu sentido nos mitos heroicos. Poremos aqui em evidência dois exemplos particulares.
Segundo a doutrina hindu de realeza, o crisma do poder seria outorgado a cada soberano pelo seu casamento com a Deusa — Shri Lakshmî — sua esposa, para além das esposas humanas, que tomava o aspecto duma força sobrenatural animadora da «fortuna real» — râja lakshmî; de tal modo que o rei perderia o trono se fosse por ela abandonado. No ciclo mediterrânico-oriental encontram-se também, frequentemente, representações de deusas que oferecem aos reis a «chave da vida», ideograma com o som de arix = viver, vivo, com a contrapartida de fórmulas do gênero da que disse Assurbanípal à deusa: «De ti imploro o dom da vida.» E no Zohar (III, 51 a, 50 b) é possível ler-se: «Todos os poderes do rei são confiados à Matrona» — e «A via que conduz à grande e poderosa Árvore da Vida é a Matrona» — (equivalente da Shekinah como esposa do rei).
Pode, por outro lado, observar-se que se conservou no cristianismo um último eco deste gênero: na Virgem divina, concebida como medianeira onipotente da graça, reaparece, com efeito, o tema geral dum princípio feminino de que deriva uma influência sobrenatural que se junta às forças somente naturais da criatura. Abstração feita a atributos como os que já citamos, a título de exemplo, dum hino acatista.
Voltaremos a este assunto analisando o seu fundo de possível experiência erótica. De momento, diremos só que não é estranho a certas concepções de magia, e que poderemos encontrar um dos seus prolongamentos tenebrosos nos fenômenos do «sucubato» e do «incubato», fenômenos estes conhecidos desde a época dos Sumérios. Poderemos, a este respeito, citar a seguinte passagem de Paracelso: «Esta imaginação deriva do corpo sideral como que por meio duma espécie de amor heroico; é uma ação que não se realiza na cópula física. Isolado, um tal amor é, ao mesmo tempo, pai e mãe do esperma pneumático, que dá origem aos íncubos que oprimem as mulheres e aos súcubos que atacam os homens (NOTA 28).» Este fenômeno tomou na Idade Média alemã o nome de Alpmînne. Paracelso faz aqui alusão, numa linguagem metafórica, a um poder evocador da imaginação, que pode conduzir a contatos psíquicos com as potências suprassensíveis do sexo, que podem, justamente neste plano, pôr-se por assim dizer a nu e suscitar, assim, sensações duma intensidade particular, provocando, também, imagens alucinatórias. Quanto às variedades menos tenebrosas e involuntárias de fenômenos semelhantes, está certa a interpretação de Guaita ao afirmar que o «incubo e a súcuba são duas formas espectrais dum hermafroditismo convertível, se assim o podemos chamar, de predominância tanto faloide como eteimorfa» (NOTA 29). Trata-se, pois, de formas tendências de união absoluta dos dois princípios, masculino e feminino, desenvolvendo-se contudo, numa linha obsessiva (NOTA 30) devido a uma não-qualificação e a uma passividade do sujeito perante o desenvolvimento da própria experiência, que não tem lugar no plano material. Pode, na realidade, observar-se um resultado idêntico, tomando quase o caráter duma obsessão nas formas iniciáticas de magia sexual no caso em que falham ou nos afastamos do seu verdadeiro objetivo: esta correspondência é interessante, pois neste último caso sabemos bem do que se trata e aquilo que se pretende. Nestas situações as forças reais objetivas podem desempenhar um papel importante. Nem sempre se trata de pura imaginação dum erotismo esquizofrênico, como no caso do «sucubato» e do «incubato», o que é confirmado, entre outras coisas, por fenômenos extra-normais (ou «metapsíquicos» segundo a terminologia moderna) que se verificaram muitas vezes a seguir aos fenômenos de «possessão»; foi o que, por exemplo, sucedeu e foi confirmado no século XVIII no convento das Ursulinas de Loudun. Nesta mesma ordem de ideias veremos que a antiguidade conheceu igualmente certos «prodígios» nos momentos de orgia das mênades e das bacantes, quando se sentiam possuídas pelo deus. Plínio e Eurípedes mencionam-nos: seriam rupturas de nível devidas ao sexo que incluíam, por vezes, uma abolição temporária do limite entre o Eu e a natureza, e cuja consequência era a possibilidade de irrupção de um (o Eu) no domínio da outra (a natureza) ou vice-versa («prodígios» no primeiro caso, «obsessões pânicas» no outro). Devemos recordar, dum modo geral, que aquilo que, no plano material, raramente consegue realizar-se duma maneira completa, atingirá formas de desenfreamento, com todas as consequências que daí derivam, precisamente no plano «sutil» e hiperfísico.
Os aspectos mais profundos daquilo a que se chamou o Mistério do amor platônico medieval, poderão englobar-se num quadro idêntico. E será talvez oportuno determo-nos um pouco neste assunto, pois ao analisá-lo, aproximar-nos-emos do domínio do próprio eros profano, após esta incursão no domínio inabitual das formas mítico-rituais e das instituições antigas.
Vimos já que, excetuando toda a condicionalidade contingente, o fundamento de qualquer experiência erótica importante é a relação que se estabelece entre uma pessoa e o princípio nu, o ser duma individualidade de sexo diferente. Isto implica um processo evocatório que, no fundo, não difere no eros profano senão pelo seu grau mais fraco e pela sua forma instintiva e inconsciente de que acabamos de falar. Krafft-Ebing viu, com razão, em todo o amor um fenômeno de «fetichismo» recordando, por outro lado, que esta palavra, derivada do português, significava precisamente «encantamento». A este respeito refere-se a uma emoção «que não é justificada nem pelo valor, nem pela realidade intrínseca do objeto simbólico», isto é, da pessoa, da parte da pessoa ou da coisa que lhe pertence, a qual provoca a excitação erótica (NOTA 31). Havelock Ellis retomou esta ideia, e depois de ter reconhecido no «simbolismo erótico» graças ao qual a parte pode representar a evocar o todo (o ser amado ou desejado, por inteiro) como a base para explicar o fetichismo amoroso no sentido específico, isto é, perverso (o efeito afrodisíaco provocado por uma determinada parte duma mulher ou até por um dos seus objetos ou peças de vestuário), vai mais além, e vê com razão o mesmo fenômeno repetir-se, de modo ampliado, relativamente ao ser amado tomado no seu todo, o qual, por sua vez, é frequentemente como um símbolo que o remete para algo que está para além da sua simples pessoa (NOTA 32). Se uma dada pessoa, ou já somente o seu corpo excita e inebria, é porque evoca obscuramente algo que a transcende. O «fetichismo» é assim um fato normal e constante, e o fetichismo anormal patológico não representa senão numa variedade aberrativa, tendo, porém, a mesma estrutura interior (NOTA 33). A evocação e o «fetichismo» são fatos constantes de toda a paixão e amor profundos, nos quais se baseiam o impulso do amante para «idealizar» a mulher amada, quase na forma dum ser divino, de fazer dela o objeto dum culto, duma veneração: o impulso espontâneo de «adorá-la», de se pôr de joelhos perante ela, mesmo quando se trata duma pessoa que, na sua humanidade, de modo algum justifica esta atitude, e que, ao contrário, e segundo qualquer juízo objetivo, é absolutamente inferior ao amante em inteligência, em categoria e em gênero de vida. Intervém contudo um desvio, nos casos já indicados (§ 22), em que a mulher, suporte da evocação, inverte, na sua humanidade, as relações, pois tem uma vida própria de tal modo intensa que absorve, devora ou queima, por assim dizer, a imagem: é o que está na base da fenomenologia da escravidão sexual — psíquica ou física — de caráter mais ou menos obsessivo, fenomenologia que, inevitavelmente entrelaçada com o amor corrente, lhe paralisa, contudo, quando intervém, todas as possibilidades «anagógicas».
A interpretação que reduz os fatos que acabamos de indicar a um fenômeno de infatuação e de «projeção» gratuita de valor (ditada, segundo Schopenhauer, pelo «gênio da espécie» para a realização dos seus objetivos) de tal modo que, quando se dissipa a embriaguez do primeiro amor ou após a satisfação concreta do desejo, reaparece em toda a sua banalidade a realidade verdadeira do ser idolatrado, devemos opor uma outra, a qual não exclui que nos fatos indicados intervenha precisamente, em diversos graus, um processo de evocação por meio duma fantasia mágica, isto é, duma imaginação que não se reduz a um sonhar subjetivo, mas a uma espécie de sexto sentido, capaz de perceber ou pressentir o que se esconde por detrás das aparências fenomênicas e que não é, contudo, de modo algum, irreal, e provido de um grau mais elevado de realidade. Nestes casos, o que verdadeiramente transporta e fascina é a «mulher de espírito» ou «mulher oculta» a que já nos referimos, e o ser humano correspondente serve unicamente de intermediário para a experiência ou ativação desta mulher. Uma imagem primordial que transportamos em nós, nas camadas profundas do nosso ser, manifesta-se em circunstâncias determinadas ao encontro duma pessoa real, dando origem a uma espécie de transe clarividente e ébrio: pois a imagem que transportamos em nós é também o eterno feminino pressentido objetivamente no ser amado, o qual sofre então um processo muitas vezes fulgurante de transubstanciação, com o sentido de um quase total desnudamento, duma aparição efetiva, duma hierofania ou cratofania (NOTA 34). Este contato perigoso com algo suprassensível pode ser objeto dum momento único excepcional, mas pode também persistir durante um certo período de tensão mais ou menos elevada desenvolvendo-se, assim, habitualmente nos amantes comuns, não tanto na base duma verdadeira percepção, como do efeito criado pelo despertar de estados emotivos intensos. No amor à primeira vista, e naquilo a que se chama «coup de foudre», o processo tem a aparência comparável a um curto-circuito. Este fato pode produzir-se, também, dum modo inesperado num encontro fugitivo, na aventura duma noite com uma mulher desconhecida e até com uma prostituta que nunca mais se verá, como que através dum milagre que pode não se repetir durante toda uma existência apesar das relações de afeição e proximidade humana com outra mulheres. Ou então, pode estabilizar-se durante um certo tempo no ser amado a transparência do poder superior e a sua ação num clima «exaltado», que não será para ambos somente de evocação e de revelação, mas também de participação efetiva.
Como já dissemos, a causa ocasional não deve, pois, ser confundida com o fato essencial, e devemos também considerar a margem de contingência inerente àquilo que, embora por si só o não determine, favoreça, contudo, ou condicione, o fenômeno. Pode efetivamente acontecer que o processo não se inicie senão relativamente a um ser bem determinado. São, aqui, evidentes as condicionalidades mais imediatas de ordem empírica, biológica, somática e até social. Antes de mais nada, desempenhará um papel importante, o ideal não duma beleza abstrata (o «belo em si» platônico) mas da beleza-tipo própria a uma determinada raça, pois não é provável que um europeu, por exemplo, encontre numa mulher de cor e de populações selvagens, o mesmo grau de incitamento e a base para a ativação da imagem primordial que traz consigo, que encontraria, se se tratasse duma mulher da sua raça ou de uma raça próxima. Devemos, seguidamente, considerar as condicionalidades de ordem biológica, que são também evidentes, relativas à idade, destino ao qual, quer o homem, quer a mulher, estão presos. Com o envelhecimento, com o enfraquecimento da base física do amor sexual, altera-se e desaparece o suporte da evocação mágica, e tudo quanto dele subsistir será diferente e tão-somente humano. Assim, um personagem de H. Barbusse, falando do tempo «que está preso ao nosso íntimo como uma doença» diz à mulher quanto ela lhe é preciosa num só, determinado momento. «Penso que este momento não existirá jamais, que deverás transformar-te, morrer; que te irás embora e, contudo, estás aqui.» Eis a tragédia existencial de todo o amor verdadeiro. É, com efeito, em determinados limites de idade que a mulher, em particular, apresenta uma matéria apta à sua eventual metamorfose (na prática, é tirando partido das possibilidades fugitivas — dos «atrativos» — que possui neste breve período, que a mulher procura ligar a ela e para sempre um homem, como pessoa empírica, geralmente através do matrimônio). Tudo isto não influi, porém, nem na realidade do arquétipo, nem na sua evocação e percepção, na sua essência atemporal, não ligada ao episódio e à pessoa empírica efêmera: refere-se, unicamente, às conjunturas necessárias como condições da aparição, e não ao princípio que surge e pode, de novo, retirar-se, tal como o fogo se torna invisível e regressa ao estado potencial, quando as condições normais para a combustão já não se encontram presentes. É muito natural que se torne então, de novo, unicamente visível a realidade prosaica dum ser demasiado humano e efêmero, mas não constitui um argumento de apoio duma interpretação abusivamente generalizada de todos estes fatos, ou seja, da interpretação que os conduz a ilusões ou a um romantismo vazio.
Numa das suas obras (Epîpsychîdîon) Shelley diz: «Olha para ali onde surge uma mortal / forma divina: vida, amor e luz / pertencem-lhe, e um movimento que poderá / mudar, mas não extinguir-se / imagem duma qualquer eternidade resplandecente.» Carpenter exprime a mesma ideia duma forma mais positiva, digna de ser referida: «O jovem vê a jovem; pode tratar-se talvez dum rosto comum, uma figura fortuita do meio mais banal, mas isso desencadeia o processo. Surge uma recordação, uma reminiscência confusa. A figura exterior, mortal, fundiu-se com a figura interior imortal e emerge então na consciência uma forma luminosa e gloriosa que não pertence a este mundo. O despertar desta imagem inebria o homem, resplandece e arde no seu íntimo. Uma deusa — talvez a própria Vênus — encontra-se no lugar sagrado do seu templo: invade-o um sentimento de esplendor que inspira terror e o mundo transforma-se para ele… Toma contato com a presença muito real de um poder… e sente nele essa vida mais vasta, subjetiva se se quiser mas também mais intensamente objetiva. Com efeito, não será talvez tão evidente que a mulher, a mulher mortal que provoca esta visão, esteja estreitamente ligada a ela, e que seja preciso mais do que uma máscara ou uma fórmula vazia, para lho recordar? Nela, como no homem, atuam no interior forças profundas e inconscientes, e o ideal que surgiu perante este de um modo extático está, provavelmente, estreitamente ligado aquilo que (como arquétipo objetivo) agiu da maneira mais poderosa na hereditariedade da mulher, contribuindo para lhe modelar a forma e o rosto. Não devemos, pois admirar-nos que a sua forma lho recorde. Na verdade, quando o homem a olha nos olhos, distingue através deles uma vida muito mais profunda do que aquela de que ela própria pode estar consciente — e que no entanto é a sua — uma vida perene e maravilhosa. O que nele há de mais mortal contempla o que nela há de mais mortal e os deuses descem para se encontrar (NOTA 35).» A parte os aspectos idealizantes e poéticos, à parte, também, uma certa acentuação imanentista e biologizante (o capítulo de que foi retirada esta passagem intitula-se: The Gods as apparîtîons of the race-life — o que significa que os arquétipos são essencialmente concebidos no seu aspecto de forças formadoras no domínio da vida, da raça, da espécie, mesmo que se lhes reconheça a qualidade de entidades). Carpenter fixou através destas palavras os termos essenciais do processo em questão.
Existe, pois, uma continuidade entre o que sucede, mais ou menos, no amor profano suficientemente intenso e aquilo que pertence a um plano de evocações mais reais e secretas que mantêm a estrutura do fenômeno que, com uma involuntária exatidão de expressão, foi justamente denominado «coup de foudre»: fulgurações eróticas, fechar andrógino de circuito, com o poder de fazer sair da consciência ordinária, num sentido idêntico àquele que se manifesta numa iniciação. Após este regresso a fatos que já tínhamos analisado ao falar da fenomenologia liminal do eros profano, que, graças ao exame do regime de sacralizações antigas, se precisaram no seu sentido mais completo e oculto, encontramo-nos em posição de interpretar convenientemente o exemplo que nos oferece o «amor platônico» medieval. É um exemplo interessante, porque não se esgotam nele os fenômenos em questão com a exceção de algumas experiências individuais confusas e esporádicas, mas que se apresentam no quadro duma verdadeira tradição.
Iremos considerar dois graus sucessivos: primeiro, o culto cavalheiresco da mulher, em seguida, as experiências dos chamados «Fiéis ao Amor».
NOTAS
26 Devido ao seu caráter explícito vale a pena citar as seguintes palavras dirigidas à mulher no rito de puberdade dos Sioux: «Tu és a árvore da vida». (BLACK ELK, The Sacred Pipe, cit., pág. 123).
27 EVOLA, Il Mistero del Graal, cit. § 6.
28 Opus Paramirum, II, v. 3.
29 Le Temple de Satan, Paris, 1916, pág. 222.
30 Não é de excluir-se que algumas formas maníacas de masturbação têm um fundo hiperfísico de cópula mágica, baseando-se na evocação inconsciente de um fantasma erótico a que a imaginação dá vida, e que assume então a parte de um incubo ou de um súcubo. São significativos os casos em que «a excitação e seguidamente a satisfação sexual se produzem unicamente pela influência da imagem, primeiro provocada quase intencionalmente, e reproduzindo-se depois com uma facilidade cada vez maior, até se tornar automática e mesmo obsessiva. (HESNARD, Manuel de sexologie, cit. pág. 268). São também significativos os casos em que o orgasmo sexual pode verificar-se, sob estas formas, um número inconcebível de vezes por dia (ibid., págs. 266-267) o que nos faz pensar numa manifestação possível do «prazer não gerado» ou «contínuo» de que se fala no tantrismo.
31 Psychopathia sexualis, cit. pág. 21 e ss.
32 Studies in the psychology of sex, cit. v. V, págs. 86-87 e ss.
33 V. SOLOVIEFF, Le sens de l´amour, cit. págs. 86-87 e ss.
34 G. BRUNO, (Eroici Furori, II, III, 62) descreve, no fundo, este processo quando afirma: «Os olhos conhecem as espécies e propõem-nas ao coração (à consciência profunda, despertando a imagem latente), o coração cobiça-as, e a sua cobiça apresenta-as aos olhos (fazendo aperceber, por trás das aparências sensíveis, o arquétipo ou entidade no ser amado)… Assim, em primeiro lugar, o conhecimento move a afeição, seguidamente, a afeição move a consciência.»
SOBRE O REVISOR
Ícaro Aron Soares, é colaborador fixo do PanDaemonAeon e administrador da Conhecimentos Proibidos e da Magia Sinistra. Siga ele no Instagram em @icaroaronsoares, @conhecimentosproibidos e @magiasinistra.