
Manuscrito da ONA
Tradução de Ícaro Aron Soares, @icaroaronsoares, @conhecimentosproibidos e @magiasinistra.
Um dos aspectos mais notáveis (e negligenciados) dos mitos da ONA é a predominância dada ao que pode ser chamado de Princípio Feminino Sinistro, evidente, por exemplo, no que a ONA chama de papel e Grau Mágico da Senhora da Terra, e em sua representação e homenagem à Deusa Obscura Baphomet, a quem a ONA descreve como uma das mais poderosas dos Deuses Obscuros.
Assim, na ficção ocultista da ONA, o personagem principal – o protagonista principal, o “herói” – é muitas vezes uma mulher poderosa e bonita, com homens comuns, na maioria das vezes, manipulados ou de alguma forma subservientes, estas mulheres que pertencem ou se identificam com alguma antiga Tradição Sinistra, ou o Caminho da Mão Esquerda, e o Satanismo, em geral. Por exemplo, em A Oferenda – que é provavelmente o retrato ficcional mais direto, pela ONA, de uma genuína Senhora da Terra – a heroína é Lianna: uma mulher rica, poderosa, bonita e madura, herdeira de uma sinistra tradição pagã rural que envolve sacrifício humano. Ela é vista manipulando Mallam e Thorold, e a história termina para deixar o leitor responder à pergunta sem resposta se ela realmente planejou a morte de Monica e usou seus encantos sinistros para enganar – “para enfeitiçar” – Thorold após aquela morte.
Muitas vezes, nessas histórias, a Deusa Obscura Baphomet é invocada diretamente – como por exemplo em O Templo de Satan e No Céu do Sonhar. Neste último, somos deixados a especular se a metamorfa alienígena sempre sem nome que retorna à Terra é realmente a própria Baphomet, e há várias pistas, espalhadas por todo o texto, que podem ser usadas para responder a essa pergunta. Em outras histórias – como Jenyah e Sabirah – somos apresentados à entidades sinistras, vampíricas, que assumiram a forma feminina (ou que sempre tiveram uma forma feminina em nosso mundo causal) e que habitaram a Terra por milênios, usando a “força vital” das vítimas humanas do sexo masculino para se sustentar e que podem ser facilmente consideradas como as “filhas obscuras de Baphomet”. Todas essas mulheres são misteriosas, encantadoras – e fisicamente poderosas: por exemplo, a mulher descrita em Sabirah domina facilmente os jovens que tentam molestá-la, enquanto Eulália (em Eulália – A Filha Obscura de Baphomet) é implacável, embora charmosa, assassina, de quem é insinuado que ela pode ser não apenas meio-humana, mas também o misterioso Falcifer, o poder por trás da figura masculina de Vindex que ela escolheu e manipula.
Em geral, pode-se dizer que tais representações – e os mitos da ONA em geral – empoderam as mulheres; para retratá-las de uma forma que há muito tem sido negligenciada, especialmente no Ocidente ainda dominado pelos homens e materialista. No entanto, esse empoderamento, deve-se notar, é baseado no “sinistro”: sobre a existência de profundidades esotéricas, pagãs, habilidades e qualidades ocultas nas mulheres que têm um papel importante, e de fato vital, a desempenhar em nossa evolução geral e em nossas próprias vidas. Além disso, é um dos objetivos declarados da ONA desenvolver tal caráter, tais qualidades, tais habilidades Ocultas, nas mulheres, e seguir o Caminho Sinistro Setenário é considerado o meio para alcançar isso.
Além disso, a representação de tais mulheres pela ONA – sua explicação do princípio feminino obscuro – é muito interessante porque é um afastamento e, de fato, um forte contraste com o “princípio feminino” tanto do “feminismo” político que se tornou bastante prevalente nas sociedades ocidentais, e aquele ethos feminino particular que muitos grupos pagãos e wiccanos da “luz branca” e do Caminho da Mão Direita tentaram fabricar.
Esse feminismo político é basicamente uma tentativa de fazer com que as mulheres imitem o comportamento, a personalidade, o ethos dos homens – que é o que os apelos estridentes de “igualdade” tratam essencialmente e, como tal, é muitas vezes uma negação do caráter, e dessas qualidades e habilidades únicas, pertinentes às mulheres. O tipo de feminismo pagão e wiccano é mais frequentemente sobre uma visão pseudomística e sonhadora de um outrora mítico “passado perfeito” ou sobre tipos boazinhas “que não prejudicam ninguém” – em total contraste com os acontecimentos obscuros e sinistros do arquétipo feminino da ONA, que obviamente inclui o uso de encantamento sexual para manipular aqueles homens do tipo Homo Hubris “que merecem o que recebem…”
Um dos temas centrais de O Romper do Silêncio da ONA é a natureza da deusa obscura “manifestada ou que pode se manifestar nas mulheres”, e há muitas referências, nas obras da ONA, a uma feiticeira obscura sendo uma das chaves para “abrir o nexion que permite que os Deuses Obscuros retornem à Terra…”
SOBRE O TRADUTOR
Ícaro Aron Soares, é colaborador fixo do PanDaemonAeon e administrador da Conhecimentos Proibidos e da Magia Sinistra. Siga ele no Instagram em @icaroaronsoares, @conhecimentosproibidos e @magiasinistra.
ORIGINAL
The Big Ass ONA Collection.