Texto publicado em Choronzon II da editora Martinet Press.
Adaptado para o blog PanDaemonAeon.
AShTarot Cognatus
Quem é o Senhor Nrsimhadeva?
De acordo com a escritura védica Srimad Bhagavatam, o Senhor Nrsimhadeva é um avatar (encarnação) de Krishna, que surgiu para matar o asura (demonio) Hiranyakashpur e proteger seu devoto Prahlada Maharaj. Hiranyakashpur é o pai de Prahlada Maharaj e não gostava que seu filho executasse práticas devocionais, engajando seus servos tais como Sukracharya em ensinar diplomacia e outras filosofias para desviar Prahlada do caminho devocional. No entanto Prahlada, apesar de ser apenas uma criança, era determinado em sua devoção, não se deixando influenciar. Dessa forma seu pai ficou muito irritado com ele e várias vezes ocupou seus servos em tentativas de se livrar dele, mas ele sempre acabou sendo salvo pela proteção de Krishna.
Dessa forma podemos notar que a forma como Nrisimhadeva mata Hiranyakashpur respeita as bênçãos do Senhor Brahma, matando-o, nem de dia, nem de noite, mas no crepúsculo; nem dentro, nem fora da casa: na varanda; nem homem, nem animal: uma mistura dos dois; nem por arma, nem pelas mãos de alguém: pelas presas de Nrisimhadeva; nem na terra, nem no céu: no colo de Nrisimhadeva.
Nrsimhadeva bebe o sangue de Hiranyakashpur
É dito que Nrisimhadeva bebe todo o sangue de Hiranyakashpur. Podemos perceber então que Nrisimhadeva está ligado ao vampirismo. Emperor Norduk do grupo vampírico Templo de Azagthoth, descreve de que forma Nrisimhadeva está ligado ao vampirismo no seu texto “Ensinamentos do Vampirismo Narayana revelados dentro do Vaisnavismo“. Nesse texto vemos como Nrisimhadeva, sendo uma forma de Krishna, representa o aspecto do Ser Sombrio em sua forma feroz (Ugra-Nrisimha). Esse aspecto feroz de Krishna vem para derrotar a ignorância, representada como Hiranyakashpur e outros asuras (demônios). Os asuras sempre tentam impedir o desenvolvimento dos adeptos e por isso eles devem ser fortemente aniquilados para poder progredir. Emperor Norduk diz ainda que os demônios são pessoas ignorantes e que ignoram a sabedoria védica, ou seja as pessoas comuns do dia a dia.
Dessa maneira, tal como Nrisimhadeva bebe o sangue de Hiranyakashpur, o adepto vampírico drena a energia vital de suas vítimas e oferece seu cálice de sangue ao Vampiro Narayana (uma forma de Krishna como a Superalma, residindo no coração). Isso irá será retransmitido ao adepto na forma de “chuva de misericórdia” dos ensinamentos vampíricos e será tal como a prasada (alimento oferecido) a Krishna. Isso constitui uma forma de alquimia, em que o adepto devoto busca se alimentar somente de prasada, o que irá causar uma transformação de consciência, entrando em comunhão com sua divindade pelo mistério da eucaristia.
Bhakti e a chama negra
A chama negra é a essência do adepto que brilha em seu coração. Praticar bhakti é expandir essa chama negra do coração e ver a divindade adorada surgir em meio a ela, tal como Nrsimhadeva surge do meio do pilar.
prahlādāhlāda-dāyine
hiraṇyakaśipor vakṣaḥ-
śilā-ṭańka-nakhālaye
yato yato yāmi tato nṛsiḿhaḥ
bahir nṛsiḿho hṛdaye nṛsiḿho
nṛsiḿham ādiḿ śaraṇaḿ prapadye
Aqueles que querem cultuar Nrisimhadeva podem ainda criar um altar com sua imagem e sempre estar oferecendo flores, incensos e alimentos lacto-vegetarianos diante de sua imagem. Com a realização de tais atos de devoção, gradualmente o adepto poderá sentir sua própria chama negra expandindo, com Nrisimhadeva dentro de seu coração trazendo força e lhe protegendo diante dos obstáculos do caminho sinistro.
Jay Nrisimhadev Bhagavan!
Notas:
1 – Bhakti-yoga é a união com a divindade através da devoção. Sua prática (sadhana) envolve o cantar de mantras, canções devocionais, adoração da deidade no altar e outros métodos. Jnana-yoga é a união da divindade em seu aspecto impessoal (Brahman) através do auto-conhecimento (Jnana/Gnosis). Sua prática envolve a contemplação do ser (atman) em unidade com o Brahman. Jnana-misra-bhakti é a prática misturada (misra) de jnana e bhakti, onde o jnana-bhakta vê sua divindade presente em todas as coisas, tal como Pralada Maharaj dizia a seu pai.