O Tetragrama e os Aeons

Fora dos Círculos do Tempo

Por Kenneth Grant. Outside the Circles of Time, Apêndice. Tradução de Ícaro Aron Soares, @icaroaronsoares@conhecimentosproibidos e @magiasinistra.

Apêndice – Uma Reflexão sobre o Tetragrama (I H V H) e sua Relação com os Aeons

Ao escrever este livro, o autor recebeu cartas de leitores de seus livros anteriores, nas quais enfatizava que o significado profundo do Tetragrama, com referência particular à sequência dos aeons, ainda não havia sido totalmente esclarecido. Este é, portanto, o propósito deste apêndice.

O Tetragrama, ou nome quádruplo I H V H, oculta a fórmula para a sucessão dos aeons, além de indicar o estado de sua evolução.

A letra inicial Yod (I) representa o Pai, símbolo dos Grandes Antigos que introduziram a Semente da consciência (1) na Mãe, representada pela segunda letra do nome, ou seja, He (H). He representa o feminino, a fonte líquida da vida (ou seja, o sangue), simbolizada pela Água. Essa Água é ‘soprada’ pelo Filho, representado pela terceira letra do nome, Vau (V). Este é o sopro vital do Ar ou Espaço, que é o mênstruo dos Antigos.

A fusão desses princípios produz a Manifestação na Matéria, na Terra, representada pela Filha ou o He (H) final do Tetragrama.

Em termos da sucessão dos Aeons: o Yod simboliza os Grandes Antigos que depositaram a Semente da Consciência neste planeta, iniciando a Corrente Ofidiana, que teve sua apoteose no Aeon de Ísis (2). Isso implica o Culto dos Não-Mortos, representado pela Múmia no Egito e pelas religiões de morte e ressurreição do Aeon de Osíris, bem como pelas instituições patriarcais que nada mais eram do que um reflexo distorcido da memória evanescente do Culto primordial dos Grandes Antigos.

O Aeon de Osíris foi derrubado porque seus representantes, colocados em posições de poder na Terra, entraram em conflito entre si e abandonaram negligentemente o serviço aos Antigos, o que fez com que estes deixassem de manter contato direto com a Terra. Portanto, quando os alinhamentos adequados (3) das estrelas retornaram, inauguraram o Aeon do Filho (Har ou Hórus), que preparou a vingança de seu Pai (os Grandes Antigos) e restaurou a Corrente Ofidiana, preparando assim o Caminho para a vinda do Aeon de Maat, representado pela Filha.

No Aeon de Maat, ocorrerá a materialização plena dos Grandes Antigos na Terra. O materialismo do atual Aeon de Hórus surge, portanto, como um vislumbre da materialização ou manifestação plena na Terra do Yod do Tetragrammaton.

Os cristãos interpretaram erroneamente o Nome Impronunciável (I H V H) e presumiram que, ao causar uma ruptura entre os Grandes Antigos e a “onda de vida” na Terra, poderiam “salvar” a humanidade e, incidentalmente — é claro! — desvendar completamente o mistério do nosso planeta. Para tanto, interpolaram o Sh do Espírito entre o IH e o VH, criando assim o nome IHShVH, Jeheshua ou Jesus. Eles então identificaram esse nome com um ser humano específico que, como Gerald Massey demonstrou conclusivamente, só poderia ter sido (em um sentido histórico) Joseph Ben Pandira (4).

Mas a letra Sh representa a tríplice língua de Fogo dos Grandes Antigos, cuja concentração suprema, Choronzon, exibe a Chama Tríplice no número 333. Isso é refletido ou manifestado através da Filha (5), tornando-se 666. Este é o número da Besta, que por sua vez é o Filho de Tífon e, portanto, idêntico a Set ou Satan, o Anticristo.

O representante planetário de Set é Saturno, e seu representante estelar é Sirius, a Estrela de Prata, símbolo da A. ‘.A.’ (Astrum Argentum) e a fonte dos kalas ou emanações da Grande Fraternidade Branca, cujo reflexo na Terra é a Grande Loja Branca.

Crowley estabeleceu contato com a Grande Fraternidade Branca quando se identificou com a Besta 666 e com Set ou Shaitan, após MacGregor Mathers ter falhado na mesma tentativa. Mathers, estúpida, mas acertadamente, refere-se aos Antigos como os ‘Chefes Secretos’, e Crowley perpetuou essa designação.

Tendo oficiado como Sumo Sacerdote na inauguração do Aeon de Hórus, Crowley foi incapaz de realizar o Mistério dos Aeons, um fracasso previsto pelo Liber AL. Foi Frater Achad quem retomou o fio da meada, e depois dele, Frater Aossic e Sóror Andahadna.

O presente livro é, portanto, uma tentativa de rastrear e revelar as ramificações dos modelos produzidos até hoje.

NOTAS

1 – Fogo ou luz; a LVX dos gnósticos.

2 – Veja Aleister Crowley e o Deus Oculto, esquema na p. 58.

3 – Indicando o alvorecer do Novo Aeon.

4 – Veja As Palestras de Gerald Massey: O Jesus Histórico e o Cristo Místico.

5 – O He final do Tetragrama.

SOBRE O TRADUTOR

Ícaro Aron Soares, é colaborador fixo do PanDaemonAeon e administrador da Conhecimentos Proibidos e da Magia Sinistra. Siga ele no Instagram em @icaroaronsoares@conhecimentosproibidos e @magiasinistra.

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